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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O motorista

Nesse mundo já vi de tudo um pouco, já vivi muita coisa também. Já trabalhei de tudo quanto era jeito, fui promoter, professor, acessor de político, trabalhei com turismo... enfim, já rodei um bocado. Um dos trabalhos mais interessantes por incrível que pareça foi o de motorista de uma empresa locadora de veículos. Mesmo sendo universitário topei, por indicação de um amigo, fazer uns free lancer para uma grande empresa locadora de veículos como motorista e foi muito bom, conhecí muita gente legal, membros do governo federal, políticos de outros partidos, diretores de grandes empresas, como todos percebiam que eu não era motorista de profissão e sim professor sempre rolavam bons diálogos que me preenchiam de muito conhecimento sempre.

Um certo dia ligou pra mim um seminarista que certa vez acompanhei em um automóvel da locadora. Pediu-me um serviço bom, somente dirigir o carro lá do seminário até o litoral sul onde ele iria fazer umas pesquisas de preços de imóveis para os membros da igreja veranearem (eu nem sabia q padres pegavam uma prainha assim) e me pagaria assim que terminasse o trabalho.

Carro pronto, desliguei um aparelho celular e deixei o outro no vibracall para não atrapalhar a viagem que não era tão longa mas também não era menos de uma hora de BR. A viagem correu tranquila, só foi um pouco demorado lá na praia de muro alto (linda) por conta da pesquisa de preço, mas sempre que eu me sentia cansado lembrava que o dinheiro era logo no final do dia e me animava de novo.

Caindo a tarde, tomamos o caminho de volta para casa. Ufa, tudo correra bem!! Mas no meio do caminho de volta, apenas o som ambiente no carro baixinho e o barulho do motor, eu sentí algo roçando em minha coxa direita. Olhei do lado e o seminarista me deu um sorriso amigável. Pensei: Não é possível que este padreco está me alisando. Continuamos. Minutos depois novamente sinto aquilo roçar novamente na minha coxa direita e dessa vez insistentemente. Eu olhava fixo pra frente, não queria virar-me de lado pois já estava ficando vermelho de raiva. Minutos depois novamente, aí  não aguentei, freei o carro e gritei: VIADO SAFADO!!! E plantei-lhe a mão no pé do ouvido. Tirei o cinto e parti pra porrada enquanto ele me olhava assustado e só gritava PARA PARA!! Nisso parou um carro da polícia do lado e tirou-me de cima do padreco que estava todo roxo de porrada. Antes que eu falasse qualquer coisa ele gritou: Esse rapaz é louco seu policial. Eu sou padre, contratei ele pra dirigir pra mim e ele de repente começou a me bater sem q eu tivesse feito nada!! Ah mas aquilo me deu raiva, mas quando eu ia começar a contar a minha versão, sentí a força do cacetete nas costelas e uma rasteira. Nem deu tempo de falar nada, os policiais desceram a porrada pra cima de mim e cada vez que eu tentava falar alguma coisa eles esmurravam minha boca, minha cara, bateram em todo lugar que puderam inclusive aí onde você está pensando enquanto gritavam: FILHO DA PUTA, QUERIA ESTUPRAR O PADRE?

Uns vinte minutos de porrada e me jogaram no acostamento, entraram nos carros e foram embora. Eu lá deitado, moído pensava: é muita injustiça, eu coberto de razão e ainda levei uns sopapos. Mas enquanto eu pensava e recuperava as forças lá deitado, olhando para o céu já estrelado, sentí novamente a sensação de algo roçando na minha coxa direita. Pensei: to ficando doido. Minutos depois, novamente a sensação, foi quando caí em mim:

- Alo?
- Alo, Ricardo, por que não atendeu o telefone?
- Oi amor..... ai..... desculpa.... era que o celular estava no bolso, no vibracall e eu não percebí



PRECONCEITO PODE TE LEVAR A ATITUDES DOLORIDAS.