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domingo, 29 de novembro de 2009

Ela me ama!!

Amadeu era um homem sério. Todos conheciam e respeitavam aquela figura interessante que não fumava, que raras vezes botava uma bebida alcoólica no corpo e que desde que casara nunca havia passado uma noite fora. Elza, a mulher de Amadeu, era aquela típica dona de casa que deixava sempre as roupas engomadas, dobradinhas e cheirosas. Era ela quem acordava quase uma hora antes do marido para preparar-lhe um bom café da manhã e deixar já bem separada a roupa que ele teria que utilizar naquele em cada dia de trabalho.

Os dias daquele casal com dois filhos saindo da adolescência eram de uma rotina sonolenta, mas uma rotina que não os incomodava. Ela cuida da casa, ele trabalha. Saiam algumas vezes para restaurantes ou bares onde a musica popular brasileira agravada aos ouvidos. Sempre os mesmos locais. Sempre a mesma mesa, mesma cadeira, mesmo pedido no cardápio. Mesmo posto de gasolina, mesma quantidade de combustível, muitas vezes até na mesma bomba. Tudo parecia fazer parte de um script, um roteiro, um texto cuja peça já era encenada há 25 anos.

Certo dia Amadeu foi convidado por um dos seus amigos de trabalho para tomar umas cervejas e conversar um pouco. Amadeu telefonou à esposa mas esta indisposta por uma virose que a derrubara preferiu ficar em casa mas disse que ele poderia ir sem problemas. Amadeu, responsável como sempre fora, foi até em casa, guardou o carro, levou remédios à mulher e aguardou que seu amigo viesse buscá-lo. No bar, conversaram muito, beberam um pouco além da conta estimulados pela saborosa charque na brasa servida no local até que a hora se estourou um pouco. Amadeu não havia percebido que seu relógio havia parado e estava tranquilo em manter sua meta de sair do bar a meia noite, nem percebeu que já passara das 3h.

Em casa Elza, enfraquecida pela virose, adormecera cedo num sono tão pesado que nem percebeu a demora do marido. Ela sempre estava tão segura da pessoa correta e centrada que era o seu Amadeu que relaxara e adormecera sem maiores problemas.

Amadeu ficou inquieto ao perceber a hora avançada, pensou em pedir um táxi mas o seu amigo prometeu levar-lhe em casa. ''De jeito nenhum, eu vou pegar um táxi até porquê você bebeu demais e eu também'' e saiu em busca do transporte mas parou quando ouviu "Elza não vai gostar de ver você chegar em casa com esse cheiro de bebida". Aquele detalhe fez Amadeu parar pensativo: "O que é que Elza vai pensar de mim? Que sou um beberrão?" e voltou "O que eu faço agora??".

- Calma Amadeu, é só comer alguma coisa, tomar um refrigerante e antes de ir compramos um drops.
- É isso que eu vou fazer!!

Amadeu sentou e pediu uma picanha e um pão de alho. Antes chegar com sabor de carne e hálito de alho em casa do que cheiro de bebida. Para tomar pediu uma fanta uva que julgou ser o refrigerante do sabor mais forte de todos. Após a demora para o prato ser servido junto com o tempo levado para consumi-lo, pagar a conta e pegar o táxi, Amadeu enfim estava a caminho de casa. Seu coração pulava de ansiedade ao ver o dia já claro, nunca fizera isso desde o casamento, suas mãos suavam frio de nervosismo. Chegando em casa, ao abrir o portao Elza despertou, olhou a hora no relogio de parede, conferiu a claridade do dia pela janela e levantou com ar preocupado para receber seu marido. Amadeu entrou, deu um sorriso, um bom dia, foi tomar banho e dirigiu-se à cama. Dias se passaram e Elza não fez nenhum comentário sobre o assunto, agia normalmente afinal ela tinha plena confiança em seu marido e não iria incomodar-lhe com perguntas inúteis.

Certo dia na hora do almoço surge o comentário no trabalho sobre mulheres:

- Ah, a minha mulher é fogo. Basta eu chegar uma hora mais tarde do que o habitual e é a maior zuada.
- E a minha então? Já chegou a rasgar uma camisa minha porque cismou que tinha alguma marca de batom, pode isso?
- Voces dois não sabem de nada, a minha mulher já chegou a me acordar debaixo de porrada porque eu cheguei tarde e quando dormi falei, dormindo, o nome de alguma outra mulher

Amadeu escutava a conversa calado, foi quando um quarto amigo interferiu:

- Vocês deveriam dar graças a Deus. Essas atitudes mostram que suas mulheres amam vocês. Queriam o que? Chegar de madrugada, com marca de batom, etc, e as mulheres sorrirem e acharem que está tudo bem? O dia que isso acontecer podem ter certeza: elas não vos amam mais.

Amadeu sobressaltou-se: "Meus Deus, Elza até hoje não deu uma só palavra sobre o dia em que cheguei pela manhã!!!"

Todos entreolharam-se calados e viram Amadeu sair pensativo e preocupado.

A noite Amadeu chegou até a esposa e comentou:
- "Hoje a rapaziada do trabalho vai sair para tomar umas cervejas, acho que vou também".
- "Tudo bem meu amor, divirta-se!"
- "Você não vai ficar com raiva?"
- "De jeito nenhum."
- "E se eu chegar pela manhã?"
- "Tudo bem."

Amadeu foi ao quarto, trocou de roupa e saiu dizendo "Hoje ninguém me segura, vou enfiar o pé na jaca!!!". Foi a um bar, bebeu, bebeu, bebeu muito enquanto seus amigos diziam "Calma Amadeu, está bebendo demais!!" Mas ele respondia "Não tenho mais que tomar cuidado, minha esposa não me ama mais, ela não está nem aí pra mim, eu quero é beber e beber".

Em casa Elza estava pensativa. Não entendia a atitude do marido, como uma mudança tão repentina poderia ter acontecido com tão centrada pessoa? Telefonou a algumas amigas e as opinioes foram parecidas: ISSO É COISA DE MULHER!! Elza custava a crer mas não havia outra linha de pensamento: "Amadeu tem uma amante. Aquele homem tão correto não poderia ter mudado por sí só, ele só podia estar sendo influenciado por uma amante!"

Pela manhã Amadeu vai dirigindo bebado para casa, som nas alturas e cantando dcesafinadamente om a voz embolada pela embriaguez. Um amigo seu veio seguindo no seu carro logo atrás. Ao chegar em casa Amadeu desce do carro e vai tentar abrir o portao mas tão tonto que não acerta a chave. É ajudado pelo amigo que o seguira, mas quando entram dão de cara com Elza emputecida que joga sacos com as roupas de Amadeu no quintal e grita enquanto atira sandália, sapato, tudo que tem por perto em cima do marido "SEU IDIOTA, VAI EMBORA DAQUI!! BEBADO, CALHORDA, ISSO É COISA QUE SE FAÇA?"

Elza bate a porta da casa e tranca, o amigo de Amadeu observa estarrecido e vai falar com o amigo que está estático olhando a reação da esposa:

- Amadeu, ei, você está bem? Se quiser pode ir pra minha casa, pelo menos enquanto....
- GRAÇAS A DEUS!!!!!! ISSOOOOO, ELA ME AMAAAAA, ELA ME AMAAAAAAA, OBRIGADO MEU DEUS, OBRIGADOOOOOOOOOO, ELZAAAAAAAA, EU TE AMOOOOO

Quando amares alguem, é melhor demonstrar logo antes que escutes conselhos dos outros.

Tem culpa eu?

Os dias de juventude são gostosos de lembrar
Tantos beijos, aventuras, eu me ponho a pensar
Lembro de tantas viagens, rodas de amigos, bar
Foram tantas namoradas, que saudade que me dá

Lembro de uma fazenda num estado brasileiro
Estado do centro oeste que passei um dia inteiro
Conheci muitas pessoas, brasileiros, extrangeiros
Namorava uma baiana mas namoro sorrateiro

Noite fria bem gostosa, com minha baiana ao lado
Sentados em uma lona, todos juntos relaxados
Grande círculo a cantar, violao velho surrado
Mas o sono na baiana fez seu corpo derrubado

Ficando sozinho à roda com a baiana se ausentado
Encostou junto a mim uma amiga do passado
Falou que uma menina por mim tinha se interessado
E por mim ela aguardava lá num canto isolado

Não me disse bem quem era que eu lá encontraria
Só me disse "após a cerca" e afirmou que eu gostaria
Meu instinto curioso me ativou naquele dia
E apos alguns minutos ao encontro eu partiria

No local bastante escuro onde eu fui indicado
Veio em direção a mim um sorriso delicado
Eu cheguei até a gata, abracei-a apertado
E fomos fazer amor lá na cerca encostado

Voltando à grande roda, satisfeito e bem contente
Veio de novo até mim aquela amiga da gente
Que me deu aquele toque onde eu era inocente
Da menina que queria de mim beijos ardentes

Ela chegou muito puta, não tendo nenhuma graça
Disse ''filho da puta isso é coisa que se faça?
"Eu digo que minha amiga os teus beijos ela quer
e tu na frente dela transa com uma qualquer?
A menina aguardou tanto tempo no escurinho
E tu antes de chegar pega outra no caminho"?

Só aí eu percebí o engano cometido
A menina que fiquei não tinha compreendido
Mas veio pra mim tão fácil em suspiros e gemidos
Que nem vi ali por perto a que me tinha prometido

Mas a culpa não foi minha, foi falta de informação
Se tudo fosse mais claro não teria a confusão
Mas agora eu aprendí: antes de qualquer marcação
Seja claro, objetivo, pra não ter perturbação.


Pensamento: Sou fã de quem é corno.

Quem bem souber nunca irá tirar sarro de um homem traído. Pense bem, não é todo mundo que consegue ser corno, é preciso unir uma série de habilidades para atingir tal feito.Vou explicar.

Se Deus criou algo mais perfeito do que a mulher, certamente não colocou aqui na terra, acho até que ficou pra ele. Sabe aquela obra tão perfeita que o artista não deixa ninguém tocar? Pois é, se existe algo mais perfeito, ficou por lá mesmo. A mulher é feita de sorriso encantador, sabe sempre cuidar do seu homem e dos seus filhos, o corpo da mulher tem a forma mais perfeita, o coração da mulher é de uma sensibilidade que consegue se magoar, perdoar e ficar feliz no mesmo dia e pelas mesmas pessoas.

O homem para conseguir ser traído precisa se esforçar muito. Mulher em geral não gosta tanto do que vê, ela gosta muito mais do que ouve e é aí que o corno é mestre: ele fala o que não deve nas horas mais erradas. O corno acha que sua mulher precisa gostar de futebol e deixa a televisão no campeonato brasileiro pra assistir o jogo de times que sequer são o seu do coração. Ele acha que sua mulher deve ser garçonete servindo as bebidas e tira gosto para ele e seus amigos enquanto discutem futebol. O chifronésio tem certeza que a mulher adora lavar as roupas sujas de lama daquele dia em que choveu bem no horário da pelada semanal. O ''antenado'' não sabe dizer que sua mulher é linda, esquece de perguntar como foi o seu dia, seu trabalho (se ela trabalhar), a aula (se ela estudar), esquece de elogiar o cabelo, de dizer que ela é inteligente, talentosa, esquece de incentivar algum talento artístico da coitadinha. O manso não liga no meio do dia pra dizer que está com saudade, que a noite vai leva-la para jantar onde ela quiser, não leva um vinhozinho gelado para relaxarem. O galhudo nao compreende que mulheres em geral sao seres tagarelas e não dão a oportunidade de conversar com elas sobre qualquer besteira,  não produzem diálogos maiores salvo quando o assunto é reclamação ou filhos. O corno geralmente é monossilábico com sua mulher. Quer ser corno? Então deixe também de dar presentes à sua mulher, mulher em geral não liga muito tanto para o valor financeiro do presente (claro que adooooram ganhar presentes caros) mas o valor sentimental. Então não leve chocolate pra ela de vez em quando, não dê alguma jóia, não viaje com ela sempre que puder, não dê lingeries, não a leve no cinema ou teatro, nao cozinhe nunca e de jeito nenhum ajude ela a arrumar a cozinha. Ah, um bom corno também está sempre cansado no fim de semana porque trabalhou demais e acha que sua mulher deve ter dormido a semana toda e tem q ser escravizada no fim de semana. O mais importante: um corno profissional para ser diplomado tem que fazer pouco sexo com sua mulher e quando faz é aquele sexo ''didático'' sem muitas estripulias. Tem que deitar e dormir apos a cópula, tem q dar uma e olhe lá, tem que beijar pouco, enfim, ser o mínimo excitante possível.

Bem amigos, existem outras qualidades que você precisa ter para ser um excelente corno, mas se conseguir algumas dessas qualidades você já está bem encaminhado.

Saudade dos maconheiros.

Antigamente existiam algumas figuras que eram conhecidos dos bairros: os maconheiros. Em geral, no bairro onde vivo há uns vinte anos, eram os jovens que se juntavam num circulo todas as noites para queimar alguns cigarros de maconha. Eu lembro bem do cheiro (que até não era ruim) e depois de todos chegando de olhos vermelhos e expressão sorridente e calma. Lembro até lá na praça de Jardim Brasil II um fato que me chamava atenção: não eram jovens, eram homens de meia idade. Eu treinava num time de futebol (flamenguinho de peixinhos, eu era goleiro) e nos bancos da praça que ficavam apos a tela do campo, no máximo uns 4 metros após a barra, juntavam-se homens de meia idade para conversar e queimar alguns cigarros. Eu ficava observando ali um aspecto mais natural, não eram jovens desocupados nem a praça era no meio de favela, nada disso. Eram trabalhadores que chegavam, iam até em casa, tomavam um banho, jantavam e iam trocar umas idéias na praça e rodar um cigarrinho. Não lembro de ter visto nada de violento nessa época associado ao uso da maconha por ninguém. Não lembro de filho matando pai, de pai mandando prender filho, de mae vendendo filho, não lembro de prostituição com o único objetivo de ter dinheiro para usar a droga (barata), de vidas se desfazendo em becos com ''lixos'' humanos amontoados se negando a serem ajudados envolvidos e consumidos pela droga que vira o único objetivo de vida. Dia desses um amigo de infância que está doente (considero o viciado em crack uma pessoa doente) disse pra mim "Leo, certo dia eu tava num motel com duas mulheres lindas mas nao queria fazer nada com ela, eu soh queria a pedra....... cheguei a fumar tanto que fiquei deitado me tremendo, nao conseguia mexer nada soh os olhos e soh olhava pra ela (a pedra) querendo pega-la e fumar mais..... Cheguei a gastar mil reais em dois dias..... Cheguei a vender meu celular que valia uns seiscentos reais e meu relogio que valia uns quinhentos reais por duas pedras de crack".

A sociedade está doente, nossa juventude está doente e tudo que estamos fazendo é aumentar o muro das nossas casas, colocar cercas elétricas. Estamos tapando o sol com a peneira, jogando a sujeira para debaixo do tapete.

Que saudade que tenho da época cuja droga mais absurda era um pedaço de planta seca envolvida numa seda. Até o polígono deixou de ser da maconha, agora é do crack. O que vamos fazer?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O motorista

Nesse mundo já vi de tudo um pouco, já vivi muita coisa também. Já trabalhei de tudo quanto era jeito, fui promoter, professor, acessor de político, trabalhei com turismo... enfim, já rodei um bocado. Um dos trabalhos mais interessantes por incrível que pareça foi o de motorista de uma empresa locadora de veículos. Mesmo sendo universitário topei, por indicação de um amigo, fazer uns free lancer para uma grande empresa locadora de veículos como motorista e foi muito bom, conhecí muita gente legal, membros do governo federal, políticos de outros partidos, diretores de grandes empresas, como todos percebiam que eu não era motorista de profissão e sim professor sempre rolavam bons diálogos que me preenchiam de muito conhecimento sempre.

Um certo dia ligou pra mim um seminarista que certa vez acompanhei em um automóvel da locadora. Pediu-me um serviço bom, somente dirigir o carro lá do seminário até o litoral sul onde ele iria fazer umas pesquisas de preços de imóveis para os membros da igreja veranearem (eu nem sabia q padres pegavam uma prainha assim) e me pagaria assim que terminasse o trabalho.

Carro pronto, desliguei um aparelho celular e deixei o outro no vibracall para não atrapalhar a viagem que não era tão longa mas também não era menos de uma hora de BR. A viagem correu tranquila, só foi um pouco demorado lá na praia de muro alto (linda) por conta da pesquisa de preço, mas sempre que eu me sentia cansado lembrava que o dinheiro era logo no final do dia e me animava de novo.

Caindo a tarde, tomamos o caminho de volta para casa. Ufa, tudo correra bem!! Mas no meio do caminho de volta, apenas o som ambiente no carro baixinho e o barulho do motor, eu sentí algo roçando em minha coxa direita. Olhei do lado e o seminarista me deu um sorriso amigável. Pensei: Não é possível que este padreco está me alisando. Continuamos. Minutos depois novamente sinto aquilo roçar novamente na minha coxa direita e dessa vez insistentemente. Eu olhava fixo pra frente, não queria virar-me de lado pois já estava ficando vermelho de raiva. Minutos depois novamente, aí  não aguentei, freei o carro e gritei: VIADO SAFADO!!! E plantei-lhe a mão no pé do ouvido. Tirei o cinto e parti pra porrada enquanto ele me olhava assustado e só gritava PARA PARA!! Nisso parou um carro da polícia do lado e tirou-me de cima do padreco que estava todo roxo de porrada. Antes que eu falasse qualquer coisa ele gritou: Esse rapaz é louco seu policial. Eu sou padre, contratei ele pra dirigir pra mim e ele de repente começou a me bater sem q eu tivesse feito nada!! Ah mas aquilo me deu raiva, mas quando eu ia começar a contar a minha versão, sentí a força do cacetete nas costelas e uma rasteira. Nem deu tempo de falar nada, os policiais desceram a porrada pra cima de mim e cada vez que eu tentava falar alguma coisa eles esmurravam minha boca, minha cara, bateram em todo lugar que puderam inclusive aí onde você está pensando enquanto gritavam: FILHO DA PUTA, QUERIA ESTUPRAR O PADRE?

Uns vinte minutos de porrada e me jogaram no acostamento, entraram nos carros e foram embora. Eu lá deitado, moído pensava: é muita injustiça, eu coberto de razão e ainda levei uns sopapos. Mas enquanto eu pensava e recuperava as forças lá deitado, olhando para o céu já estrelado, sentí novamente a sensação de algo roçando na minha coxa direita. Pensei: to ficando doido. Minutos depois, novamente a sensação, foi quando caí em mim:

- Alo?
- Alo, Ricardo, por que não atendeu o telefone?
- Oi amor..... ai..... desculpa.... era que o celular estava no bolso, no vibracall e eu não percebí



PRECONCEITO PODE TE LEVAR A ATITUDES DOLORIDAS.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mentiras Sinceras As Vezes Interessam.

Uma coisa intrigava Celleny: "Será que Viriato realmente gosta de mim?" pensava ela de quando em vez. Era compreensível pensar assim, já que ele não demonstrava ciúmes. Foi ele quem lhe tirara a virgindade, sempre foi ele o homem que ela gostou de verdade e ele sempre a quis por perto. Nunca se deixaram.

Certa vez num restaurante os dois almoçavam quando em meio aos vários assuntos veio à tona falar sobre trabalho. Aliás, como podemos fazer para não falarmos sobre trabalho numa mesa de um restaurante? Tem  como? Alguém me ensina? Bem, enquanto falavam de trabalho ele citou um problema que tinha com organização no departamento que trabalha durante o dia e comentou: "Semana próxima entrarão novos servidores, estou torcendo para que pelo menos um vá ao meu departamento. Aliás, melhor seria uma mulher.......(um gole na cerveja, um longo gole para matar o calor)..... para me ajudar a organizar". Celleny era de um ciume incontrolável, já chegou até a telefonar mais de cinquenta vezes num mesmo dia, entre chamadas não antendidas, ignoradas e atendidas. Quando ele citou a preferência por uma mulher no departamento, enquanto tomava o gole de cerveja antes de completar a motivação desse desejo (a organização feminina no departamento) ela em segundos imaginou beijos ardentes dentro da sala de trabalho, mãos bobas, suspiros ardentes na hora do almoço e tantas outras loucuras entre Viriato e uma possível nova colega. Continuou: "Sim Celleny, eu prefiro uma mulher. Homem é bom de trabalhar, somos geralmente menos complicados, mas mulher tem o instinto natural de ser mais observadora, mais organizada. Homem geralmente é mais desorganizado do que uma mulher". Naquele momento ela quis discordar mas não sabia citar um exemplo e como ela conhecia bem seu Viriato, ele iria querer uma comprovação de um homem que fosse referência em organização mas não achou, porém recordou-se de um professor que leciona na mesma escola que ela (Celleny é professora) e que lhe paquerava havia meses. Este professor mora sozinho e pelo modo que falava, parecia ser uma pessoa organizada. Nesse momento passou pela cabeça da Celleny uma idéia: "Quero ver agora se ele gosta de mim", e falou: "Mas tem sim homem organizado, eu mesmo conheço um que o apartamento dele é super organizado". Isca atirada e mordida de bate pronto. Ao ouvir aquela frase, Viriato que nunca mostrou-se ciumento lembrou que ela já havia lhe falado sobre um professor que a paquerava e morava sozinho, então ele retrucou: "Celleny, te referes ao professor que trabalha contigo? Como sabes que o apartamento dele é organizado? Quando fostes lá"? Ir a um apartamento de um colega de trabalho até que seria normal, isso se a distância entre a casa dela e o local não fosse de 40 km aproximadamente e nem ela nem ele possuírem veículo próprio. Contramão. De modo algum o apartamento do tal professor seria caminho para qualquer lugar onde ela frequentasse em algum dia de sua vida. Não haveria outra explicação para ir à casa do tal professor se não fosse a pura intenção de ir até lá. Impossível parar para fazer uma horinha ou para dar uma passadinha já que estava por ali.

"Celleny, o que você foi fazer na casa desse professor?" falou com o estômago já ardendo de raiva, mas sem elevar a voz. Celleny ficou pensativa, jogara aquela informação para ver a reação do seu amado mas não sabia o que fazer dali pra frente. Decidiu segurar a história: "É que uma outra professora é afim de ficar com ele, aí ela me pediu pra marcar alguma coisa na casa dele, de almoçar lá, aí disse que era pra eu marcar de ir lá com ela e blablablabla......". Era tão enrolada e absurda a história que ela começara a contar que não ajudou em nada. Viriato que por alguns instantes estava gelado por sentir-se culpado da possível traição da companheira (sim, ele numa autocrítica rápida, julgou que talvez não estivesse suprindo-a como ela merecia) passou a sentir raiva pelas mentiras deslavadas que ela tentava justificar. Ser traído era uma coisa, ser feito de idiota já era pedir demais. Então ele disse "Celleny, você está mentindo. Diga-me a verdade!", mas ela insistia "Amor, eu juro, eu juro que estou falando a verdade, eu juro!". Não adiantava jurar, as mentiras eram de péssima qualidade, ele que era um enrolão profissional não admitiria ser enganado por tão amadora mentira. "Celleny, você está mentindo. Diga-me a verdade. Eu não quero tua fidelidade, quero tua lealdade, por isso diga-me somente o que aconteceu por favor!". Celleny já não sabia o que dizer e nervosa respondeu: "Tá certo, eu fui lá sozinha, não fui com ninguém. Mas fui somente almoçar lá e de lá fomos dar aula (40 km até a casa dele e depois uns 50 km até a escola só para almoçar?) eu juro, eu juro!".

Viriato com o copo na mão olhava para as mesas ao lado e balançava a cabeça negativamente. "Celleny, você continua mentindo. Diga-me o que aconteceu lá. Você não saiu do bairro da Boa Vista em Recife até o Bairro de Maria Farinha na cidade de Paulista para somente almoçar e vir depois dar aula no bairro de Roda de Fogo no Recife. Isso é ridículo. Conte-me a verdade!". A comida no prato já esfriara. Na mesa, a cerveja havia se acabado mas ele não queria mais nada, queria somente que ela confirmasse o que a imaginação dele já lhe mostrava. Desde que ela começara a história ele parou para imaginar e viu ela entrando no apartamento, colocando a bolsa num centro. Viu ele oferecendo um vinho tinto gelado enquanto a comida ficava pronta. Viu o conquistador ligando o home teather e colocando um dvd de musica internacional. Viu ela indo até o banheiro para checar seu perfume, arrumar a maquiagem. Viu os dois num sofá conversando baixinho aos goles do vinho gelado e em risadas gostosas. Viu os dois se beijando e ele a descascando com a voracidade de um solteirao predador. Viu ela despir-se com a caliencia que lhe é própria. Viu-a nua, todo seu quadril imensamente largo e lindo, viu-a depilada como só fazia para ele até então. Viu os dois num baile corporal trocando suor, suspiros e gemidos no sofá com ela pulando em cima dele embriagada de tesão e vinho. Viu os dois indo até a cama e esquecendo o almoço até o corpo não aguentar mais.

O coração de Viriato pulava de ansiedade. Então ela que não aguentava mais segurar aquela mentira decidiu por fim àquela péssima idéia. "Viriato, eu vou contar a verdade. Eu nunca fui na casa deste professor, nem sei onde ele mora, só sei o bairro, não sei mais nada. Inventei toda esta história porque eu queria ver tua reação. Tu nunca demonstrastes ciumes por mim, então eu quis inventar tudo isso para ver como tu reagirias. Acredite em mim, eu juro!". Naquele momento Viriato se enfureceu. Óbvio que ele não acreditara em nenhuma palavra dita por Celleny. Seria a terceira mentira. Dessa vez ela chorava, se desesperava, jurava por Deus e o mundo, jurava pela mãe, pela avó falecida, mas não adiantou. Viriato pediu a conta e saiu mudo. Entraram no carro e levou-a em casa sem dizer uma só palavra. Ela insistia durante todo o trajeto para que ele acreditasse, mas ele nada respondia. Ela desceu, entrou no prédio e ele foi embora. Por torpedo comunicou-a "Quando quiser dizer a verdade, telefone-me".

Celleny subiu ao apartamento aos prantos. Não quis falar com a mãe, nem com o irmão. Entrou em seu quarto e desabou na cama, chorando e esmurrando o colchão arrependida da péssima idéia que tivera. Estragara o almoço, perdera o amigo(namorado, ficante, sei lá) que agora queria ouvir uma verdade que não existia. Então depois de chorar durante horas ela pensou: já perdí Viriato mesmo, pelo menos quero perde-lo com fama apenas de infiel e não de infiel e mentirosa. Se ele acha que eu o traí, se ele só acredita nisso, é isso que finalmente eu direi".

O celular tocava pela terceira vez, Viriato não sentia vontade de atender, mas resolveu finalmente dar uma chance.

- Alo
- Alo,Viriato?
- Oi Celleny.
- Pode vir aqui? Quero te dizer a verdade!!

Em poucos minutos Viriato chegara à casa da Celleny, que disse:

- Meu amor, eu confesso. Fui à casa do professor, estava me sentindo sozinha, você não está sempre aqui comigo, me dá pouca atenção. Queria sentir-me interessante, queria sentir-me atraente, paquerada, então fui lá sim. Beijei-o, deixei que me beijasse, fiquei semi-nua, deixei que me beijasse os seios, as costas, deixei que tocasse no meu sexo mas quando ele tentou tirar minha calcinha eu tomei um susto, caí em mim, empurrei-o vestí-me e saí correndo e chorando dalí. Não tive coragem de transar com outro homem que não fosse você. Desculpa, se não quiser acreditar em mim eu vou entender.

Agora a história parecia mais próxima da realidade. Mesmo não chegando a tudo que Viriato havia pensado, aquela história faria sentido. Celleny conseguira criar um fato que o colocou para pensar e dizer: "Celleny, desculpe-me. Reconheço que não estou oferecendo toda a atenção e carinho de que és merecedora. Agradeço por não ter me traído por completo. Gosto de ti e perdoo porque não és culpada de nada, eu sim sou o culpado de tua atitude impulsiva". E assim beijaram-se e naquela noite visitaram juntos e intensamente todas as estrelas.

Nem sempre a verdade sacia a necessidade de quem precisa ouvir. As vezes mentiras sinceras interessam um pouco mais.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Chega de contar histórias pra eu mesmo dormir.

Já passou da hora de começar a escrever. Aliás, já passou mais do que hora: passaram-se ANOS!! Eu sempre dizia: "quando eu tiver de cabeça mais fria (e leia-se como ''cabeça fria'' ESTAR EMPREGADO) eu vou começar a escrever as idéias que tenho". Mas passavam-se os dias, os anos, as horas (nao nesta mesma ordem) e nenhuma letra sairia destes dedos no teclado ou desta mao direita na caneta.

Inúmeras vezes, antes de dormir, ''escrevia'' contos e mais contos... mas de que adiantava? Tantos contos contados ao travesseiro que nenhum comentário tecia e em seguida um mergulho no profundo sono.

Bem, nao sou muito de prometer ateh pq eu num sou de santos. Não sou de dizer "nao vou esquecer" até porque SER ESQUECIDO eh uma das minhas marcas registradas. Mas posso prometer tentar atualizar, sempre escrever algo legal aqui. Vamos ver no que dá.

Obs: Os contos serão sempre registrados em cartório. Quem quiser saber se evero, é só sacar aquele que fica na subida da ladeira do carmo em Olinda.