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domingo, 29 de novembro de 2009

Saudade dos maconheiros.

Antigamente existiam algumas figuras que eram conhecidos dos bairros: os maconheiros. Em geral, no bairro onde vivo há uns vinte anos, eram os jovens que se juntavam num circulo todas as noites para queimar alguns cigarros de maconha. Eu lembro bem do cheiro (que até não era ruim) e depois de todos chegando de olhos vermelhos e expressão sorridente e calma. Lembro até lá na praça de Jardim Brasil II um fato que me chamava atenção: não eram jovens, eram homens de meia idade. Eu treinava num time de futebol (flamenguinho de peixinhos, eu era goleiro) e nos bancos da praça que ficavam apos a tela do campo, no máximo uns 4 metros após a barra, juntavam-se homens de meia idade para conversar e queimar alguns cigarros. Eu ficava observando ali um aspecto mais natural, não eram jovens desocupados nem a praça era no meio de favela, nada disso. Eram trabalhadores que chegavam, iam até em casa, tomavam um banho, jantavam e iam trocar umas idéias na praça e rodar um cigarrinho. Não lembro de ter visto nada de violento nessa época associado ao uso da maconha por ninguém. Não lembro de filho matando pai, de pai mandando prender filho, de mae vendendo filho, não lembro de prostituição com o único objetivo de ter dinheiro para usar a droga (barata), de vidas se desfazendo em becos com ''lixos'' humanos amontoados se negando a serem ajudados envolvidos e consumidos pela droga que vira o único objetivo de vida. Dia desses um amigo de infância que está doente (considero o viciado em crack uma pessoa doente) disse pra mim "Leo, certo dia eu tava num motel com duas mulheres lindas mas nao queria fazer nada com ela, eu soh queria a pedra....... cheguei a fumar tanto que fiquei deitado me tremendo, nao conseguia mexer nada soh os olhos e soh olhava pra ela (a pedra) querendo pega-la e fumar mais..... Cheguei a gastar mil reais em dois dias..... Cheguei a vender meu celular que valia uns seiscentos reais e meu relogio que valia uns quinhentos reais por duas pedras de crack".

A sociedade está doente, nossa juventude está doente e tudo que estamos fazendo é aumentar o muro das nossas casas, colocar cercas elétricas. Estamos tapando o sol com a peneira, jogando a sujeira para debaixo do tapete.

Que saudade que tenho da época cuja droga mais absurda era um pedaço de planta seca envolvida numa seda. Até o polígono deixou de ser da maconha, agora é do crack. O que vamos fazer?

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