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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pedido de casamento.

Era sempre uma alegria às sete e meia da manhã. Ali no mesmo ponto do ônibus, Ana o esperava para pegar carona rumo a mais um dia de trabalho. Entrava no carro e abria o sorriso que dava a Deivson a energia necessária para mais um dia de trabalho:

- Bom dia boneca

- Bom dia, respondia ela com um sorriso no rosto exibindo o brilho juvenil que o aparelho dava nos dentes.

Trabalhavam juntos há uns dois anos aproximadamente, passavam o dia todo juntos, almoçavam juntos, iam e voltavam. Diariamente conversavam sobre todos os assuntos possíveis, um era o colo do outro quando era necessário, até que este intenso convívio foi fazendo com que um se torna-se indispensável para o outro. Bastava um faltar o trabalho para o outro ficar em um pé e outro de preocupação. Passaram a morrer de medo de serem demitidos, não pelo mercado pois eram profissionais competentes, mas por que passou a ser impensável trabalhar um sem o outro. Até que um dia.
- Deivson.... o que fizemos?
- Calma Ana..... meu Deus, será que alguem viu?
- Acho que não, por favor, me beija de novo, por favor...
Havia apenas um problema: Ana era casada ha 10 anos. Um casamento morno, sem graça, um casamento que já passara por pelo menos quatro grandes crises. Recentemente o marido de Ana, pouco mais de 4 anos mais velhos que ela, era daqueles rapazes politicamente corretos e que vivem para o trabalho. Vive tanto para o trabalho que viaja as vezes durante semanas e quando chega em casa nao sai de cima do computador, a nao ser para ir jogar futebol ou fazer a manutenção no carro. O fato é que Ana sempre vinha em último lugar, era como se fosse somente obrigação.

Daquele dia em diante Deivson e Ana ficaram ainda mais próximos um ao outro. Toda a atenção que faltava do marido ela encontrava nele e ele que sempre teve a característica de galanteador, mulherengo, se via fiel àquela mulher casada. E tinha que ser fiel mesmo pois qualquer mulher que se aproximava de Deivson era motivos para discussoes e crises de ciúmes. Até que um dia Deivson confidenciou:
- Nunca amei tanto uma mulher como amo você. Ainda vou fazer você casar comigo
Ana sorriu carinhosamente
- Não diz isso, eu sou casada, eu tenho um filho e criar filho com pais separados eu nao quero.

Ana tinha um menino vívido, alegre. De início ele não gostava muito do Deivson mas este o tratava com tanto carinho que o menino passou a ter paixão pelo ''Tio''. Era sempre coberto de presentes, doces, o ''Tio Dedé'' fazia de tudo para alegrar o menino, pensava - Crio ele como um filho, faço mãe e filho felizes.

O tempo passava, os encontros não eram fáceis mas não eram difíceis. Faziam amor dentro do escritório, ficavam fazendo hora extra simplesmente para ficar sozinhos. Namoravam dentro do carro, escolhiam sessoes de cinema dos piores filmes possiveis para que a sala estivesse vazia e assim ficar a sós. Deivson insistia
- Vamos a um motel, é mais tranquilo, mais confortável
- Deus me livre, motel não. Nunca fui nem com meu marido. E ainda mais, imagine se alguem que trabalha lá me conhece? Ia ser um escandalo!

O fato de Ana não querer ir a motel dificultava um pouco as coisas. Deivson morava com a mãe e a avó e não levava mulher para dentro de sua casa. Tinha sempre que usar o máximo da criatividade para criar momentos em que os dois pudessem estar sós e seguros mas a insegurança fazia com que Ana ficasse ainda mais cheia de fogo e de vontade de se jogar nos braços do seu querido. Um dia Ana desabafou:
- Não sei se dura meu casamento. Everson prometeu que ia mudar, que ia me dar mais atenção, mas dia e noite eu me sinto sozinha. Penso tanto em você, Devi. As vezes mando mensagens pro teu celular com ele do meu lado pois ele está lá mas eu me sinto sozinha.
- Ana, se quiseres dá-lhe um pé na bunda, eu caso com você no outro dia!
- Devi, para com isso. Você é um mulherengo, eu sei que sou só mais uma, falou Ana com um breve sorriso no rosto.

De fato ela estava certa sobre Deivson ser um mulherengo. Aliás, todas as mulheres que se envolviam com ele gostavam e muitas vezes até sabiam que elas não eram a única. Ana falava com a consciência de quem, antes do caso, era uma grande amiga e confidente, mas Deivson de fato estava apaixonado. Até tinha uma ou outra pequena, mas não parava de pensar em Ana um só dia na semana.

Passou-se um ano e meio de relacionamento. Comemoraram o ano, comemorarm dia dos namorados, trocaram presentes, cada dia mais Ana estava mais próxima e Deivson alimentava a cada momento a esperança de casar-se com aquela que escolheu para seu seu maior amor. Como tempo, a esperança tornou-se certeza, os dois já eram praticamente marido e mulher nas ajudas um ao outro, emocionalmente, financeiramente, o convívio diário, a cama perfeita, Deivson entao parou para conversar com uma grande amiga, Bruna era seu nome, e ela o aconselhou:
- E você está esperando o que? Não é qualquer homem que fala em casamento, você fica aí dizendo a ela que quer casar e coisa e tal mas não toma uma atitude. Poe ela contra a parede, homem. Olha nos olhos dela e diz que quer casar-se! Ela vai sentir segurança em ti e vocês vão poder ser felizes!

Deivson ficou com aquelas palavras martelando dua memória. Ria-se feliz em imaginar seguir o conselho. Resolveu:

- Quer saber, a Bruninha tem razão. Eu sou um burro, já deveria ter tomado esta atitude faz tempo! Claro, ela está somente esperando isso. De hoje não passa.

Em brincadeiras Deivson já havia tirado a medida do dedo anelar da amada Ana, já sabia exatamente o tamanho de uma aliança. Apressou-se em comprar naquele mesmo dia. No dia seguinte de manhã:
- Bom dia Boneca
- Bom dia Devi.
- Hoje jantamos juntos?
- Não sei Devi, ''ele'' pode chegar de viagem hoje e...
- Por favor.... hoje quero te mostrar uma coisa mas só se for no jantar.
- Oooolha lá hein? O que você vai aprontar? rsrsrs

Foram ao trabalho, foi um dia daqueles que parece que não vai terminar nunca. Se entreolhavam várias vezes e sempre com um sorriso no rosto. Deivson pensava - Tenho certeza que ela já imagina o que é, vê como ela sorrí feliz!!

No jantar, pediram massas, vinho tinto suave, conversaram sobre várias coisas até que ela insistiu com um sorriso curioso:

- Você me trouxe aqui para me mostarr o que?
Deivson tira o par de alianças do bolso e faz a declaração com um sorriso ansioso no rosto e coração palpitante.

- Ana, eu sei que você não levava a sério o que eu falava, achava que eu não tinha coragem. Mas está aqui, quero casar-me com você. Ana, eu te amo de verdade, não quero outra pessoa no mundo que não seja você, termina teu casamento esta noite, resolvemos juntos as documentações, deixamos a poeira baixar e casamos em seguida. Ve a aliança, ouro puro. Falo sério, ou isso ou nada, ou caso contigo ou não toco mais em ti!!

Ana para por um minuto com a aliança na mao, baixa a cabeça, respira e quando levanta revelando o rosto apos afastar-se os lindos e negros cabelos, fala chorando em tom de raiva:

- Você é louco? Quantas vezes eu disse a você que casaria? Quantas vezes eu te prometí isso? Eu sou casada, sempre disse que era casada!! Eu nunca te prometí nada, não ponha palavras na minha boca, você criou essa ilusão sozinho, estou muito magoada com você.

Ana sai sobressaltada derramando a taça de vinho que cai sujando de vermelho a camisa de Deivson.